- - Sunday, January 15, 2006

Laban, Rudolf

1. Biografia

LABAN, Rudolf (1879 Hungria – 1958 Inglaterra)

► 1879, 15 Dezembro – Nasce em Bratislava, Hungária, filho de um militar. Estudou em Viena sendo que cedo se interessou por diferentes expressões artísticas comuns, nessa cidade que fervilhava Arte.

► 1900 – Mudança para Paris para a Écoles de Beaux Arts (Paris) onde estudou filosofia e arquitectura. Tinha um estúdio e trabalhava maioritariamente em trabalhos de caricaturista e fazia posters em Art Nouveau, vivia com a sua mulher que era pintora de profissão. Estudou o método Delsarte, e tal como este, começou a analisar e a descrever o movimento e comportamento humano.

► 1907 – Morte da sua esposa, destroçado enviou os filhos para casa dos sogros, e deixou Paris em profunda depressão, voltando para Viena onde estava o Pai.

► 1910 – Casou com uma cantora, mudaram-se para Munique onde tinham uma escola onde experimentavam ideias novas que aliavam a dança à voz.

► 1912 – Centro de dança no Monte Veritá, Suiça. Nesse centro apelidado por Laban como “Quinta da Dança” ele ensinou coreografias, e criou os Bewegungshöre – coros de movimento – e trabalho de dança com a comunidade. Nesta época, Suzanne Perrottet, professora de Dalcroze, junta-se a Laban para trabalhar com ele.

► 1913 – Mary Wigman junta-se a Laban.

► 1914 – Início da 1ª Guerra Mundial, que evitou a apresentação do espectáculo “Der Sieg des Opfers”. A escola de Laban em Munique foi abandonada, reabrindo em Zurique, sendo que a experiência musical e pedagógica de Perrottet permitiu que Laban tivesse tempo para trabalhar com Wigman a teoria e prática de sintaxe de movimento.

► 1916 – A bailarina russa Dussia Bereska, junta-se a Laban para trabalhar.

► 1917 – “Sang an der Sonne” é apresentado. Espectáculo dançado como parte de um festival maçónico. Desenvolvimento da reputação de Laban como um inovador e teórico de dança, apesar das dificuldades dos anos de guerra.

► 1919 – Abandonou a vida familiar e a escola, partindo para Alemanha onde se tornou de forma entusiástica o líder da dança Absoluta alemã, tendo envolvido em diferentes áreas da dança: dança teatro, dança como educação, dança de comunidade, instrução de dança, políticas de dança, teoria da dança, princípios de dança terapia.

► 1920 – Edição do livro “Die Welt des Tanzers”.

► 1921 – Início do Tanzbühne Laban (companhia dirigida por Laban e Bereska). Como coreógrafo convidado do Teatro Nacional de Mannheim, cria diversas peças com a participação de Kurt Josse outros bailarinos, tanto da sua própria companhia, como igualmente da companhia do Teatro.

► 1922 - 1926 – Tendo conhecido um mecenas, criou ainda mais trabalhos onde utilizava de forma inédita a voz, o silêncio, movimentos do quotidiano, música jazz, etc. aliada ao movimento.

► 1922 - 1928 – Paralelamente à Tanzbühne, Laban e Bereska dirigiram o Kammertanzbühne Laban, uma companhia menor, havendo a criação e apresentação de 35 danças, sendo que o objectivo da Kammertanzbühne era oferecer diversidade, mas sempre com conceito, sendo igualmente utilizados novos métodos que iam da improvisação até à criação em grupo.

► 1922 - 1926 – Após o estabelecimento da escola principal em Hamburgo, abriram mais escolas na Alemanha e Itália, França, Hungria, Jugoslávia, Holanda e antiga Checoslováquia. Em 1926 existiam 21 escolas.

► 1924 – Após a criação do 1º Bewegungschöre Laban em Hamburgo (1922) – companhia de coros de movimento constituídos por bailarinos amadores, nesta altura já existiam mais 6 grupos em diferentes países.

► 1926 – Abertura do Choreographisches Institut, no intuito de pesquisa e recolhendo conhecimento coreográfico, numa continuação do trabalho realizado nos anos de guerra com Mary Wigman.

► 1927 – Estabelecimento do Deutscher Tänzerbund, uma associação que defendia os bailarinos a nível de segurança, benefícios sociais, aplicação da lei.

► 1928 – Publicação do livro Kinetographie Laban em que é apresentada a fórmula original do método de notação Laban, sendo que este será desenvolvido ao longo dos anos 30.

► 1934 – Após ter trabalhado no Teatro Prussiano em Berlim, foi nomeado director da Deutsche Tanzbühne, sendo que esta companhia era manipulada como meio de propaganda Nazi.

► 1936 – Censura de uma apresentação pública de Laban que ia ser apresentada nos Jogos Olímpicos de Berlim, a partir daí as suas escolas, coros de movimento, sistemas de notação e livros foram anunciados como inapropriados e anti-alemães. Laban foi obrigado a se refugiar.

► 1937 – Após a sua fuga para Paris num estado de saúde física e mental deplorável, foi para Inglaterra onde passou 2 anos iniciais de recuperação em que ele igualmente reescrevia todo o seu espólio que tinha sido destruído na Alemanha.

► 1940 – Laban teve de se mudar para Newtown no País de Gales. Aí teve a possibilidade de dar aulas de dança educacional, em que desenvolvia as suas ideias de movimento.

► 1946 – Ullmann (professora que acompanhava Laban desde a sua chegada em Inglaterra) abriu uma academia em Manchester, sendo que todo o trabalho agora realizado estava orientado para a educação; passados 2 anos abriu igualmente curso de professores.

► 1947 – Publicação de Effort, elaborado em colaboração de F. C. Lawrence, que é como que um manual inicialmente criado para treinar as mulheres para o trabalho manual masculino para os tempos de guerra e para colocar as pessoas no seu posto mais adequado, através de um sistema de observação do movimento natural do indivíduo (Laban/Lawrence System of Movement Observation).

► 1953 – A Academia é transferida para Addlestone, onde se transforma em faculdade da Universidade.

► 1958 – Morte de Laban em Addlestone. Nos últimos anos, Laban viveu uma vida isolada, não só devido ao proteccionismo de Ullmann, mas também devido ao facto que tinha atingido um nível intelectual e intuitivo muito elevado. O seu legado não foi esquecido, pelo contrário, poder-se-á dizer que houve uma divulgação e entusiasmo ainda maior nas décadas seguintes em que as suas ideias se propagaram.

2. Poética
2.1 Utensílios
Laban concebeu o espaço do corpo numa forma de icosaedro com 20 faces (a cinesfera do bailarino), cujos planos representam as direcções espaciais, e os pontos os núcleos de energia. As intersecções das 3 faces definem os pontos energéticos no espaço. Este icosaedro é transportado pelo bailarino de um ponto para outro. Este princípio leva a que o bailarino não se movimente num espaço exterior ao seu corpo, mas sim que o seu corpo seja o meio natural dos movimentos, em que estes se originam e se propagam. Um solo é um dueto entre o bailarino e o seu meio interno.
O movimento é encarado como um processo dinâmico, em que todas as suas componentes como espaço, peso, tempo, fluência, dinâmica, etc. são todas interdependentes. No Labanotation, todos estes aspectos têm de estar presentes, como partes de um todo que é o movimento do corpo. Uma posição do corpo no espaço, não é somente uma forma ou uma linha no espaço, uma posição é como uma parte de uma repuxo de formas que podem insurgir depois e antes dessa posição, essa posição desdobra-se, cresce ou diminui, destrói-se para criar novas formas, sendo que o seu aspecto está em contínua transformação.
Há a necessidade que o Homem esteja em harmonia com a Natureza e o Cosmos, sendo que o movimento em si é a forma mais Natural desta harmonia se estabelecer (o ritmo, pulsação, oscilação, tensão e relaxação, atracção e repulsa, estabilidade e mobilidade… os fundamentos mais básicos do movimento sublimam esta relação com a sua própria Natureza, tudo está em permanente fluência e mudança, nunca há nada decididamente parado.).
A harmonia não é em movimentos muito fluidos e de mesma intensidade, mas está também presente na mais excêntrica combinação de movimentos, desde que essa combinação concilia os padrões de movimento, igualmente com as necessidades físicas e expressivas do intérprete, a escolha de movimentos tem de seguir uma determinada intenção e características.
O movimento do corpo também está em permanente interligação com o meio que o rodeia, estando em Harmonia com o seu envolvente, sendo esta ideia explicitada nos coros de movimentos em que é mostrada a crença em que cada pessoa, apesar de ter a sua própria autonomia e valor, necessita igualmente de interacção social. Não se defende o comportamento em multidão, mas sim a interdependência e intradependência do grupo. Aliás, estes coros são constituídos por bailarinos amadores em que o objectivo maior é de fruição por parte dos intérpretes e de também de restabelecimento da dança como centro da vida comunitária.
Para Laban (Die Welt des Tanzers, livro editado em 1920) existiam 2 mundos: “o do silêncio” e “o da aventura”, ou seja, o mundo espiritual e o material, em que a dança assumia o papel de sintetizar os dois. A dança para além de constituir a mobilização do corpo, necessita de ter conteúdo.
Laban, nas suas criações utilizou os mais inéditos elementos: improvisação, criação da obra em grupo com os bailarinos, uso da fala (Fausts Erlösung – 1922, baseado na obra de Goethe em que existia um coro de oradores e um grupo de bailarinos que realizava a movimentação, Prometheus - 1923, Sang an der Sonne – 1917, Nacht - 1927), uso do silêncio (Gaukelei – 1923, Nacht - 1927), abordagem livre do corpo e do figurino através de papéis que alternavam, participação do público (Sang an der Sonne - 1917), contraste de movimentos grandes e possantes com movimentos delicados e expressivos, uso de cantores ao vivo nas apresentações (Terpsichore - 1925), uso de música de compositores clássicos (Terpsichore – 1925, música de Handel; Don Juan – 1926, música de Gluck; Ritterballett – música de Beethoven), música Jazz (Nacht – 1927), movimentos do quotidiano (Nacht – 1927).


2.2 Obras
Laban, nas suas obras, usava os mais variados temas, desde os bailados abstractos (Der Schwingende Tempel – 1922), sobre o Amor (Kömodie – 1923, Don Juan - 1926), comédias e sátiras (Kömodie – 1923, Oben und Unten, Nacht - 1927, Die Grünen Clowns- 1928), dramas (Gaukelei – 1923, Don Juan – 1926), etc.
Laban utilizou os mais variados temas, sendo que ao usá-los e desenvolvê-los, não procurava especialmente se especializar nesse tema, mas sim em trabalhar as suas ideias coreográficas, métodos de criação e composição, desenvolver as suas ideias de corpo. Como na maior parte dos seus trabalhos, estes eram de certa forma comissionados, ou tentavam agradar o público, o tema da sua obra não se torna propriamente relevante, mas sim a exploração de material de movimento durante a peça.

1 Comments:

At 7:14 PM, Blogger Paulo Ricardo D'Carvalho said...

Obrigado!!!!

 

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